Com reivindicações e cobranças da população, Câmara no Seu Bairro em Guaianases encerra as sessões p
- Por Leonardo Zamperlin e Renata Pollini
- 29 de nov. de 2015
- 4 min de leitura

A iniciativa esteve presente nas 32 regiões do município em 2015. Foto: Leonardo Zamperlin
Mobilidade urbana, revitalização e outros problemas, foram expostos pelos moradores do bairro e região de Guaianases, Zona Leste de São Paulo, em mais uma sessão pública do Câmara no Seu Bairro, realizada no último sábado (28), no CEU Jambeiro. A ocasião que marcou o fim das reuniões abertas nas subprefeituras de São Paulo, ao todo 32, contou com a presença de parte dos vereadores paulistanos e um bom número de pessoas que vieram ouvir e citar as demandas da localidade.
Com um atraso de uma hora e meia, a sessão se iniciou por volta das 10 horas com a palavra do presidente da mesa diretora, o vereador Antonio Donato (PT), que apresentou os colegas presentes. Além de Donato, compareceram a vice-presidente da Câmara, vereadora Edir Sales (PSD), o segundo vice-presidente, vereador Toninho Paiva (PR), os vereadores Senival Moura (PT), Andrea Matarazzo (PSDB), Marquito (PTB), Salomão Pereira (PSDB), Valdecir Cabrabom (PTB), Alessandro Guedes (PT), Vavá (PT) e Mario Covas Neto (PSDB). Cada um dos parlamentares teve um tempo de três minutos para darem as considerações iniciais.
Após o período de apresentação, as demandas dos moradores e de lideranças comunitárias foram expostas na tribuna popular, em um período de 90 minutos como é estipulado em todas as sessões públicas.
As queixas mais citadas pelos populares da região, que conta com os bairros de Guaianases e Lageado, foram a respeito da inacessibilidade urbana para deficientes; a fraca adesão de empresas a migrarem para a Zona Leste a fim de melhor a mobilidade urbana; a não conclusão da obra de finalização da Radial Leste, iniciada na gestão de Marta Suplicy (2001 a 2005), e a revitalização da Avenida Nordestina, que liga aos bairros de Itaim Paulista e São Miguel Paulista, vias importantes da localidade; e também o problema enfrentado pelas enchentes do córrego Itaquera-Mirim, que corta o bairro e há quarenta anos prejudica os moradores sempre que chove.
Outro problema bastante comentado foi referente as questões habitacionais e a regularização fundiária, onde 70% das propriedades não são regularizadas. O coordenador do Conselho Participativo Municipal, Jânio Carlos Crepaldi, primeiro a falar na tribuna, ressaltou que a regularização de propriedades e construção de moradias é um dos três projetos prioritários aprovados pelo Conselho. Segundo ele, “das 12.813 propriedades, cerca de 2.000 foram entregues, faltando muitas ainda”, afirmou.
Muitos dos moradores reclamaram também do fato de a região ser esquecida. Juntos, Guaianases e Lageado contam com 268.508 habitantes que moram no extremo leste da cidade. Brenda Lilian, presidente da Associação Olhando Para o Futuro e representante da juventude local, foi uma dos porta-vozes destas reivindicações. “Nosso movimento dialoga com o poder público para melhoria da Avenida Nordestina, e a instalação de comércio e empresas para gerar novos empregos na região”, disse Brenda. Ela ressalta que Guaianases é conhecido por ‘bairro-dormitório’, pelo fato de grande parte de sua população se deslocar para o centro de São Paulo a fim de trabalhar, perdendo horas nesse trajeto e tendo seus bairros somente como um local de descanso.
Brenda ainda cita a vergonha que muitos guaianenses passam por se localizarem distantes das outras regiões da cidade. “O povo do extremo leste acaba sendo esquecido e isso não é justo, pois grande parte dos votos dos vereadores atuais são daqui”, cita Brenda, observando que o vereador eleito Senival Moura é de Guaianases.
Já para o morador e conselheiro participativo municipal, Ivanilton da Silva Oliveira, o distanciamento é uma barreira para o crescimento da região. “A gente se localiza no ‘fundão’ de São Paulo, com bastante precariedade e muitas coisas demoram pra chegar até nós. Temos problemas graves como a saúde pública, que precisa de maior atenção, e com a política para a população jovem, demanda crescente em regiões periféricas”, afirmou. Segundo documento que Ivanilton apresentou na tribuna, a subprefeitura de Guaianases recebeu recentemente verba de R$ 42 milhões e a de Itaquera R$ 62 milhões, enquanto que subprefeituras da Casa Verde e M’Boi-Mirim tiveram orçamentos maiores que R$ 200 milhões.
Ao fim das reivindicações feitas por 30 participantes na tribuna popular e que durou uma hora e meia, foi dada a palavra à algumas autoridades presentes, entre elas, a subprefeita Maria Angela Gianetti. “Quero dizer à toda população de Guaianases que estamos trabalhando muito para melhorar a nossa região. Queremos união da comunidade para que possamos cada vez mais aumentar a qualidade de vida dos munícipes”, falou.
Também, o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha, esteve na sessão e deu sua palavra. “Parabéns ao presidente Donato e aos vereadores pelo Câmara no Seu Bairro, já que muita gente não acreditava que era possível esse tipo de iniciativa”, concluiu o secretário, fechando a última sessão pública do ano.

Apesar da presença de apenas 11 vereadores, as demandas dos guaianenses não deixaram de ser ouvidas. Foto: Leonardo Zamperlin
32 subprefeituras
Em nove meses de trabalho, o projeto visitou todas as subprefeituras da cidade, iniciada na regional do Campo Limpo, em março deste ano. Foram ouvidas diversas demandas especificas de cada região, como o exemplo na Lapa, onde há problemas com a coleta de lixo e ampliação do sistema de saúde, e na subprefeitura de Santana-Tucuruvi, na qual sofre com a especulação imobiliária e falta de assistência aos moradores de rua.
Representando todos os parlamentares, Antonio Donato parabenizou aos envolvidos no Câmara no Seu Bairro. “Agradecemos a todos os responsáveis por fazer acontecer este projeto, um marco na história da Câmara de São Paulo e da relação desta casa legislativa com as lideranças populares. Em um momento de crise política como o que vivemos no país, é importante pôr a democracia em prática desta forma, ouvindo as demandas da população para construir uma cidade melhor”, ressaltou.
Câmara no Seu Bairro
O projeto nasceu na atual mesa diretora da casa legislativa paulistana, com o objetivo de aproximar a Câmara Municipal da população, uma forma de ouvir as suas demandas e analisá-las para que possíveis ações do poder legislativo possam beneficiar diretamente a cidade. A iniciativa é regulamentada pelo ato nº 1293/15, que dispõe sobre a realização de plenárias fora da sede da Casa e surgiu com a necessidade de aumentar a participação popular nas sessões, normalmente ocorridas somente na própria Câmara.
Apesar de não ter prevista uma continuação do projeto em 2016, o Câmara no Seu Bairro alcançou repercussão e boa receptividade, tanto pelos próprios parlamentares, quanto pela população que participou das sessões.
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