EDUCAÇÃO FINANCEIRA: PROTEÇÃO CONTRA A CRISE
- Por Leonardo Zamperlin
- 29 de set. de 2015
- 5 min de leitura

Um dos principais meios de planejamento de uma família moderna é o chamado orçamento familiar, no qual consiste em organizar a renda de seus membros e administrar seus gastos considerando as necessidades desta família e buscando modos de poupar seu dinheiro. Na teoria parece algo fácil de lidar, mas quando este mesmo orçamento é confrontado com tempos de crise, a economia de uma casa com três a seis familiares pode ser abalada financeiramente.
Saúde financeira
Uma pesquisa divulgada pelo GuiaBolso, um aplicativo de controle financeiro automático e gratuito, mostra que a saúde financeira do povo brasileiro piorou 9% durante o primeiro semestre de 2015. Os dados foram obtidos medindo o Índice de Saúde Financeira (ISF) que registrou uma queda de 430 pontos em janeiro para 389 em junho, sendo que o ISF marca um total de 700 pontos. O índice leva em conta investimentos, dívidas e fluxo de caixa das mais de 800 mil pessoas que usam o sistema.
Tal diagnóstico revela que os brasileiros, em especial este ano, estão “adoecidos” financeiramente. Pode se dizer que o fato é por conta da retração econômica que o país enfrenta em 2015 [ver matéria sobre internacionalização de empresas brasileiras], com a crise fiscal, inflação em alta e desvalorização do real frente às altas constantes do dólar.
Neste cenário de turbulência econômica, a maior parte das famílias é afetada diretamente pela crise e esta corrente de águas ruins deságua exatamente no orçamento familiar. É notável também que a pesquisa feita pelo aplicativo aponta que os brasileiros economizaram menos este ano e utilizaram com mais frequência o cheque especial, ou seja, de janeiro a junho – e tudo indica que será assim até o fim de 2015 – a retração econômica somada ao aumento dos preços fez com que as pessoas gastassem mais, guardassem menos dinheiro e utilizassem mais o crédito bancário para consumir ou pagar dívidas.
Educação financeira
Ai é que entra a educação financeira. O termo se refere à cultura de administração das finanças de um indivíduo ou de uma família, a fim de consumir conscientemente e evitar prejuízos financeiros com gastos excessivos e mal controlados, buscando meios de economizar e se programar para devidas emergências. No Brasil, o assunto é tratado com desdenho, tanto pelo fato de que há pouco interesse pelo assunto quanto pelos números de endividamento e inadimplência da população; o número de endividados cresceu 5,88% de janeiro a agosto de 2015 (Dados divulgados pela EBC Agência Brasil).
Apesar de este número parecer insignificante, as consequências da má educação brasileira são enormes, muito em questão da pouca divulgação na rede de ensino do país: a disciplina de Educação Financeira ainda não faz parte da grade curricular das escoloas públicas, entretanto, um projeto da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), implantou este ano em 3 mil escolas o Programa de Educação Financeira no Ensino Médio que dispõe livros didáticos nas clasess de aula. Antes, o conteúdo foi testado em um projeto piloto em 891 escolas. A ação é bastante significativa para o cenário da educação financeira no Brasil.
Como se proteger da crise
Sabendo o que é a Educação Financeira e constatado o diagnóstico da atual saúde financeira dos brasileiras, agora precisamos saber como se prevenir da atual crise econômica. Veja abaixo alguns bons hábitos que se você ainda não prática é bom começar a aplicá-los no dia-a-dia:
Análise do orçamento
Muitas pessoas, quando vão fazer uma real análise de sua renda, não levam em consideração gastos que se poupados podem somar uma boa quantia a ser economizada. Analisar seu orçamento é verificar quanto é o seu salário e qual o valor total de suas despesas. Muitos brasileiros acumulam dívidas simplesmente por gastarem mais do que ganham; a crise fiscal em que o Brasil está vivendo nada mais é do que isso, por isso tanta preocupação quanto a arrecadação do país que não foram equivalentes aos gastos públicos.
Planejamento dos gastos
É sempre bom no começo de cada mês fazer uma planilha ou listar em tópicos os gastos, seja de uma família ou do indíviduo que mora sozinho. Como diz o ditado "melhor prevenir do que remediar", sendo assim, se você considerar o que precisa pagar e o que quer poupar para comprar depois é menor as chances de tomar certos sustos em relação a um aperto em seu orçamento.
Combinado não sai caro
Se você faz parte de uma família que divide gastos é essencial conversar entre si sobre o orçamento familiar. Quando todos ou mesmo uma parte banca os gastos é preciso que todos os entes entrem em acordo com coisas que parecem básicas, mas que fazem toda a diferença; quanto tempo cada um vai gastar no banho ou em frente do computador (para administrar as despesas da casa); a distribuição da mesada para os filhos; quem vai pagar qual conta ou quanto cada um vai contribuir, etc. Pequenas atitudes costumam dar ótimos resultados quando se trata de economia familiar.
Leve a sério a poupança
Economizar dinheiro parece uma tarefa fácil pra quem é sozinho, difícil mesmo quando se tem uma família para sustentar. Todavia, é possível poupar ainda que seja em um momento de crise e isso acontece da maneira mais irrelevante de se pensar: não gastando. Lembra do planejamento no segundo tópico? Se você listou tudo que, realmente, precisa gastar como contas e ainda sobrou dinheiro, tente não gastar com futilidades ou com coisas que você realmente não precisa. Sobre aquele par de sapatos em uma loja, espere, talvez o preço caia um pouco daqui uns meses, fora que se você não necessitar comprar urgentemente é bom guardar para usar no futuro esse dinheiro em uma ocasião em que for mais adequado gastar. É tempo de vacas magras, então economizar é a palavra de ordem!
Se informar é economizar!
Para muitos leigos em economia o aumento do dólar não significa muita coisa, até isso afetar o seu cotidiano. Com a valorização da moeda americana, o real pode tomar o caminho inverso e ser desvalorizado, o que faz com que seja mais caro. Uma vez que nossa moeda fica mais caro, o preço de produtos comuns no dia-a-dia tendem a subir, o que causa um sufoco no orçamento. Mais uma vez a atenção para economizar; fique atento e tente se informar sobre qual setor teve aumento nos preços ou se o arroz e feijão ficaram mais caros e quanto. A informação é um grande aliado para quem quer escapar da crise.
Por fim vale ressaltar que de nada vale o esforço se você não saber lidar com o que economizou. Além disso, as dicas acima não fazem milagre e nem dinheiro cair do céu, porém se você morando sozinho ou fazendo parte de uma família levar a sério as recomendações verá resultados práticos que aliviarão o orçamento do mês e te ajudarão a passar por esta crise de uma forma mais tranquila. O único segredo pra isso é se educar financeiramente.
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